CAPA DO MÊS:
MAYTÊ PIRAGIBE
A Essência da Beleza
por: Sérgio Oliver

Protagonista de vários trabalhos na TV, cinema e na publicidade, Maytê Piragibe conheceu os benefícios dos óleos essenciais através de sua mãe, Teresa Piragibe, quando, ao interpretar uma vilã na novela “A Terra Prometida”, começou a sentir muitas dores, principalmente no estômago, por conta das cenas fortes envolvendo sua personagem. Foi então que procurou uma aromaterapeuta que a ajudou a combatê-las. “Minha mãe teve uma sessão de aromaterapia e me apresentou os óleos essenciais. Eu tinha uma dor no estômago e não queria fazer endoscopia, estava um pouco resistente. Eu achava que era emocional, e era mesmo. Foi por meio da aromaterapia que eu consegui cuidar do meu estômago”, disse Maytê. O resultado foi tão satisfatório, que Teresa e Maytê fizeram um curso de perfumaria botânica, e, assim, surgiu a Fazenda Pingo do I – Essência da Bocaina. O local é aberto à visitação e à apreciação dos óleos essenciais que são produzidos na fazenda. Ainda é possível viver uma experiência sensorial e olfativa, sentindo o aroma e a textura das ervas que possuem propriedades de cura e presenciar a destilação de uma dessas plantas. A Essência da Bocaina oferece, também, palestras e cursos relacionados a cosméticos naturais, planejamento aromático, bio-orgânicos, biofertilizantes, gastronomia vegetariana e vegana, cristaloterapia, entre outros. Maytê conversou com a Revista Olfato e contou como resolveu empreender no ramo dos óleos essenciais, falou sobre a Fazenda que é administrada pela família e sobre os planos para 2021.
Você usa os óleos no seu dia a dia? Para qual finalidade?

Os óleos fazem parte da minha rotina. Eu tenho três difusores. Um fica no meu quarto, um no quarto da minha filha e um na sala. Em cada um deles, eu consigo distribuir os óleos com a propriedade terapêutica que é necessária para mim naquele momento. Por exemplo, se eu preciso decorar um texto, estudar, ter foco, eu uso o alecrim. Agora, se eu preciso melhorar a minha autoestima, o amor incondicional, uso o gerânio. Com o estudo da perfumaria botânica e da aromaterapia com a produção rural, a forma como eu utilizo os óleos tende muito pela parte terapêutica, como alternativa medicinal e cosmética. Temos muitos livros de receitas caseiras, e tenho o amparo de muitas amigas que trabalham com aromaterapia e ajudam a trazer essa condução para o que o meu corpo e minha mente precisam no momento. Ter essa matéria-prima de cosmético natural é cem por cento parte dos meus rituais, priorizo produtos de beleza que utilizam matéria-prima cem por cento natural. Uma coisa que eu não utilizo é o óleo essencial direto na pele, porque é muito perigoso. Está sempre diluído com um óleo vegetal ou difusor que já tem essa propriedade terapêutica. Isso me ampara, me fortalece e me cura todos os dias.

Como surgiu a ideia de empreender com os produtos naturais?

Esse projeto nasceu de um sonho da minha mãe. Ela teve vários sonhos simbólicos e, a partir disso, ela canalizou essa ideia e eu lhe dei todo o suporte.

Você fez algum curso para ajudá-la na administração da fazenda?

Quem administra a fazenda são minha mãe e meu pai. Eu fiquei com a parte de divulgação e conteúdo digital. Meus pais são administradores e gestores em sua vida profissional, então nada mais natural do que a administração ficar com eles.

Falando da Fazenda Essência da Bocaina, ela é aberta ao público? O que tem de atração para os visitantes?

Ela é aberta ao público. Temos a visitação para mostrar a plantação das 15 ervas aromáticas, das plantas medicinais e das nativas da mata atlântica. Temos também o dia de vivência da destilação – com antecedência, conseguimos agendar um grupo para ver como é o nosso processo de plantio e de extração dos óleos, lembrando que tudo ali é feito com muito carinho, de forma artesanal, não agressiva. Nossas plantações são orgânicas. As pessoas também têm acesso aos produtos, óleos essenciais e ao nosso “case” de sucesso que é o mel de lavanda.

Como é a sua relação com a sua mãe na administração da fazenda? Vocês dividem as tarefas? Você consegue conciliar os afazeres da fazenda com a sua carreira de atriz e apresentadora?

Meus pais cuidam integralmente desse operacional junto com a equipe que fica lá. A minha parte é o suporte, investimento. Quando ganhei o Dancing Brasil, investi uma parte do prêmio nesse projeto, que, na época, só tinha um ano de empresa. Eu dou também suporte de comunicação e marketing.

Sua família tem outros negócios, como um restaurante. Isso ajudou na hora de empreender?

São setores diferentes. Meu pai cuida do restaurante e tem muita experiência nessa parte de gestão e administração. É um gestor, consultor com uma carreira brilhante. Minha mãe desabrochou profissionalmente agora, com mais de 60 anos. Ela é economista, sempre geriu uma casa, já foi decoradora, quase se formou em arquitetura, trabalhou como marchand de obra de arte, então sempre trabalhou com muitas funcionalidades. Eu acredito que ela estava com muita vontade e garra de ter a sua autonomia, de gerir a própria empresa. Isso mostra que não tem idade para empreender. Minha mãe, no auge da maturidade, está mais jovem do que nunca, mais animada, cheia de propósito, e eu dou todo amparo, pois penso no futuro da família, dos meus pais, da minha filha e dos meus sobrinhos.

Você pensa em lançar uma linha sua de essências?

Sim! A linha de essências é toda nossa. Conversamos sempre sobre as mudas, as possibilidades de plantas, os estudos sobre elas, todas as essências estão ligadas à nossa família. Toda planta, todo óleo destilado tem a ver com a nossa história. Agora estamos produzindo o mel de lavanda de uma forma natural e orgânica, com as abelhas livres e sem agressão: não tiramos todo o mel, fazemos uma extração amigável. Isso é um desabrochar, porque a lavanda surgiu através do nome da minha filha. A primeira planta a ser escolhida foi a lavanda, que foi o sonho divino que a minha mãe teve. A lavanda abriu os caminhos porque ela é a mãe da aromaterapia, é a planta mais conhecida na forma aromática, e ela com o mel formam a nossa cereja do bolo. Temos o projeto de desenvolver produtos, mas o nosso foco é a produção da matéria-prima orgânica. Isso tudo tem a ver com a nossa essência. Faço parte de toda a construção desses óleos, da comunicação e da estratégia em relação à venda.

O que você diria para quem ainda não conhece os benefícios dos óleos?

O nosso olfato precisa ser ativado. A partir do momento em que uma pessoa tem acesso ao óleo essencial, que é a alma da planta, da natureza, é um caminho que você abre e que não tem mais volta. É transformador, só vivenciando na prática que você percebe a cura e a transformação de consciência, inclusive o nosso amor e respeito pela natureza. Nós estamos voltando para a terra, para as raízes, temos que nos conectar e honrar de onde a gente veio. Deixo um convite para as pessoas olharem isso com mais amor e disponibilidade. É científico e comprovado. Na Europa é muito difundido como terapia alternativa. É realmente muito poderoso.

A cristaloterapia entrou na sua vida no mesmo momento dos óleos?

A cristaloterapia sempre esteve presente na minha vida. Eu sou muito curiosa com as pedras, sempre tive essa conexão, sempre comprei livros desde muito novinha. Me profissionalizei como cristaloterapeuta no ano passado e já estou na minha sexta formação. Perceber que não é só uma conexão mística, mas um estudo sério, científico que está ligada a nossa tecnologia, porque o quartzo é um condutor de energia e está presente no nosso relógio, na televisão, no carro, então já é utilizado como revolução tecnológica. Legitimar as curas pelos cristais e entender a composição química de cada pedra precisa ser vivenciado na prática. Entender como isso está no nosso dia a dia, nos nossos chacras, alinhamento energético e elevação da nossa vibração. Tudo isso é muito parecido com as plantas que tem uma composição química e cada composição tem um resultado e uma propriedade específica. Quanto mais você estuda, mais você percebe que tem que estudar.

Como conciliar, durante a quarentena, os trabalhos com o “papel” de mãe? Você parece ser uma mãe muito parceira e presente.

Eu sou pai e mãe, então sou muito presente mesmo. No começo da pandemia, foi complexo para todo mundo essa questão de trabalhar em casa, estudar em casa, mas ela é muito minha parceira, conversamos muito e existe uma rotina para trazer segurança para ela. Eu tive uma obra em casa para melhorar a logística e tenho um suporte muito bom do colégio em que ela estuda. O dia a dia foi com muito amor e foi legal poder vê-la estudando e perceber quais são as suas dificuldades. Com isso, percebi o quanto a nossa relação evoluiu e se fortaleceu.

Falando um pouco sobre a sua carreira, você começou a trabalhar ainda na infância. Não tinha dúvidas de que queria ser atriz? E o desejo de ser apresentadora também vem da infância?

Eu comecei a trabalhar com 4 anos de idade. A primeira oportunidade como apresentadora veio quando eu tinha 18 anos. Eu dividia as manhãs com a Xuxa apresentando desenhos animados na TV Globinho. Foi orgânico.

Você é muito versátil, atua em várias áreas. Tem alguma que você gosta mais de trabalhar? Por exemplo, fazer novela, documentários, teatro…

Eu amo todas as áreas. Estou amando me reinventar. O artista é plural, transita por diversas janelas independente do canal de comunicação, seja no palco, seja realizando como ator, criador ou produtor. Isso me interessa muito, ser 360 tanto na parte de direção criativa, prospectar negócios, criar autonomia de linguagem, de autoconhecimento, de comunicação pela minha vivência pessoal, como ser humano e como artista. Ter essa versatilidade é a minha sobrevivência. Ator que não se produz, não sobrevive à política atual. O ator que não empreende, não prospera no sentido máximo da palavra abundância. O ator que não se conhece, que não se investiga, não tem o valor real da humildade do operacional, ele é um ator que está fora da realidade do contexto. O sucesso para mim é o prazer e a felicidade de ter pessoas maravilhosas em volta, pois não se faz nada sozinho. Tem fases e fases, projetos grandiosos, projetos feitos com raça para ter um retorno em seguidas. Eu acredito na arte, na cultura, na educação. Essa é uma luta nossa de criar diálogo, multiplicidade. O ator que não se reinventa não está conectado à importância política que é o ato de criar, que nos proporciona através desse diálogo. Sou apaixonada pela arte e por todas as formas de expressão. Cada um tem a sua graça.

Além da utilização dos óleos essenciais dentro da aromaterapia qual a sua relação com os perfumes? Qual é a sua fragrância preferida?

Usamos muito os óleos essenciais na aromaterapia quanto na aromacologia, que é a diluição no tecido, na pele, e na perfumaria botânica, que prioriza matérias-primas naturais, incluindo os óleos essenciais. É complexo falar sobre minha fragrância preferida, pois eu tenho um elástico olfativo gigante. Cada vez mais em que nos aprofundamos na experimentação dos cheiros, sentimos toda a potência que é acessar o sistema límbico dentro do nosso cérebro, um lugar muito assertivo e complexo. A própria ciência está evoluindo mais na questão do olfato, que é um sentido pouco explorado, estudado, e, desde a revolução industrial, mais tecnológica, tendeu-se muito à mecanizado das coisas, inclusive dos cheiros, e dos sentimentos que são gerados, porque todos os cheiros estimulam muito a nossa memória , nossa libido, apetite, ou não. Então, a fragrância preferida é aquela que meu corpo pede: é como ir a um buffet e decidir se comerei beterraba ou cenoura. O nosso corpo, de alguma forma, se identifica, mesmo inconscientemente e nos leva a tomar certas decisões. Eu, como atriz, nas artes dramáticas, penso que tudo é sentimento e como é a forma que vamos expressar ou sentir. Então, a fragrância é a tradução disso em sentir em cheiros, em símbolos que possam trazer essa harmonia. É um lugar diário, ritualístico para mim. A primeira coisa que eu faço de manhã é colocar o meu óleo essencial no difusor, inalar profundamente aquele cheiro – alguns, eu pego intuitivamente, outras vezes eu procuro um cheiro que eu sei que vai estimular certo tipo de comportamento ou de estruturação. Através de um estudo profundo, cada vez mais, a gente tem uma cartela maior de consciência para escolher os cheiros.

Você é do tipo fiel a um só perfume ou prefere variar?

Eu tenho um vídeo no Youtube que mostra meu acervo de perfumes. Eu coleciono perfumes e quando está acabando algum, eu fico economizando. Mas um que é certo e não pode faltar em minha necessaire é o J’Adore, da Dior. Depois que a perfumaria entrou na minha vida, confesso que eu tenho me apropriado de certos cheiros para criar meus próprios perfumes naturais, que também exercem uma função terapêutica.

Você disse que pretende lançar em breve uma linha de cosméticos. Também terá perfumes em seu portfólio? Se sim, quais notas eles teriam?

Para esse ano, vamos trabalhar com encomendas de perfumes pontuais, conectados ao tipo de pedra com a qual a pessoa possa fortalecer seu processo meditativo. Tenho me aprofundado muito nesses estudos para começar realmente a colocar essa ideia em prática mais no futuro. Tenho uma linha ainda em segredo, mas primeiro quero me aprofundar na linha dos produtos, para esse ano, que terão a minha personalidade e diversidade impressas. Voltei a estudar inglês, pois pretendo, em breve, fazer uma especialização em perfumaria na Europa. São sonhos que estamos trabalhando para que se tornem concretos e reais.

Quais os projetos que estão por vir. Já tem planos para 2021?

É segredo! (risos) Eu não estou falando nada, pois não está nada certo. No momento, meus planos para 2021 são prosperidade, abundância e realização pessoal. É fazer pela arte, pela minha família, pela minha filha. Finalizar tudo o que eu comecei a fazer e divulgar na hora certa. Ter maturidade, pois cada projeto tem o seu tempo.

Fotos: Guilherme Licurgo
Beleza: Sandro Barreto
Style: Ana Mariano
Entrevista: Sérgio Oliver (Publisher e Diretor Criativo)
Supervisão de texto: André Terto
Arte gráfica e diagramação: Danni Chris