CAPA DO MÊS:

FELLIPE RUSSO 

Match of Senses – A saga continua

por: Sergio Oliver

A linha de fragrâncias Match of Senses da In the box Perfumes nasceu em 2019, e, em menos de três meses, além do sucesso de vendas, algumas delas foram finalistas de um dos prêmios mais importantes do setor de perfumaria e cosméticos, o Atualidade e Cosmética. O perfume Fusion Énigmatique ganhou o prêmio de melhor perfume feminino da América Latina e o Omnia IV ficou na segunda colocação de melhor fragrância masculina da América Latina. E agora, dois anos depois do lançamento, a linha ganhará, até o final de 2021, mais 6 fragrâncias. Nessa entrevista exclusiva, seu fundador e diretor criativo Fellipe Russo nos conta tudo sobre essa nova extensão da linha.

De onde vem a sua paixão por Perfumes?

Acredito que nós, brasileiros, já nascemos um pouco apaixonados por aromas. Nossa cultura latina, nossa culinária e nosso histórico de povo amável, quente, expansivo contribuem muito para essa paixão. Nossas memórias olfativas familiares e de infância, por exemplo, nos trazem automaticamente essa relação afetiva e emocional com os cheiros. Lembro do cheiro da capela do colégio, que parecia algo como Palo Santo e eu adorava aquele cheiro do local, só não sabia o que era. Em relação à perfumaria, começou de um modo bem comum. Lembro dos meus avós, que utilizam colônias cítricas, cremes de barbear e pós-barba com aquelas características mais fougère. Mas o perfume que me encantou mesmo foi o Azzaro Pour Homme, que um amigo dos meus pais, que frequentava nossa casa, usava. Hoje, penso nisso e tento entender como, na época, uma criança de 8, 10 anos poderia gostar de um perfume com aquelas características. Mas era o que o mercado tinha. Não existiam perfumes posicionados para crianças e adolescentes como hoje em dia. Meu primeiro perfume foi um Dior Fahrenheit, que meu pai comprou em uma viagem que fizemos para Buenos Aires, início dos anos 90. Lembro que a compra não foi pela fragrância em si, mas como a campanha do produto estava por todo o aeroporto, fiz um escândalo para meu pai comprar como se fosse um brinquedo. Daí em diante, essa relação com os perfumes foi evoluindo, primeiro como consumidor e depois, mais à frente, como paixão que, felizmente, virou minha profissão.

Como nasceu a In The Box?

Trabalhei no mercado publicitário desde os 18 anos. A In The Box nasceu basicamente da minha frustração com esse mercado e da vontade de buscar algo diferente, pois eu não estava feliz. Como eu já estava perto de completar 40 anos, decidi que, se fosse para criar um negócio, tinha que ser numa área que eu gostasse muito. Primeiro pensei na música, que sempre foi uma grande paixão que vem de família. Em 2012, inclusive, um amigo montou um estúdio, e eu quase fiquei sócio. Mas eu sempre relutei em relação à música, ou mesmo em relação à produção de áudio para publicidade, por ser um mercado extremamente difícil e oscilante aqui no Brasil. Depois de pensar muito em alternativas mais próximas da minha realidade na época, comecei, por curiosidade, a pesquisar as marcas internacionais de alta perfumaria que ainda não tinham entrado no Brasil, e o porquê não tínhamos esse mercado por aqui de forma mais intensa. A primeira ideia foi criar uma empresa para trazer e representar marcas importadas, que ainda não existiam no País. Porém, fatores como o preço do dólar, dificuldades de importação, cláusulas contratuais. dificultaram seguir por esse caminho. Frustrado com as tentativas de abandonar a carreira e por não conseguir colocar um novo negócio em prática, parti para cursos de perfumaria de todos os níveis, desde produção até mercado e pesquisa. No começo, era para distrair a mente, estudar mais o mercado, fragrâncias e aromas era um passatempo, mas com a aquisição de conhecimento, vi a oportunidade de criar minha própria marca.

Em 2019, você lançou sua linha própria de fragrâncias, a Match of Senses. Conte-nos um pouco sobre ela e seu conceito.

A Match of Senses é a primeira linha conceitual da marca. O tema veio de forma espontânea, na minha vivência com os cheiros. Foi instintivo trazer a sinestesia para a pauta. Com a relação que tenho com música, e as artes em geral, a própria publicidade e, claro, os cheiros, para mim a sinestesia é natural. Para mim, é natural associar mais de um sentido às coisas, principalmente no que se refere às cores e cheiros. Claro que também tem o fator tátil – as próprias fragrâncias nos trazem sensações táteis, então, eu queria trazer um tema que estimulasse as pessoas a explorarem mais os seus sentidos, mostrando que é possível deixar nosso cérebro associar cores, cheiros, sons, texturas. para representar sensações. Inclusive, a linha foi pensada para que as fragrâncias pudessem ser misturadas e combinadas entre si. Ou seja, você tem muitas possibilidades de uso, e pode criar perfumes únicos utilizando mais de uma combinação com diferentes texturas e camadas.

No mesmo ano de lançamento, duas de suas fragrâncias foram finalistas, e a Fusion Énigmatique ganhou o Prêmio Atualidade Cosmética como o melhor perfume da América Latina. Como você se sentiu e qual a importância do prêmio para a marca?

As inscrições das quatro fragrâncias foram feitas no último dia – isso depois de muitas pessoas insistirem para fazermos as inscrições. Fizemos, mas sem grandes expectativas. A ideia era mais mostrar a cara para o mercado, conhecer novas pessoas, fazer “network”. A grande surpresa foi ter três das quatro fragrâncias inscritas classificadas como finalistas e descobrir que os jurados avaliavam as fragrâncias sem saber a marca. Então a ficha começou a cair. Mesmo com excelentes fragrâncias, como poderíamos competir com as grandes marcas? Mas foi uma sensação incrível e uma realização que até hoje não sei descrever. Representa muita coisa. Não é apenas uma premiação de melhor fragrância feminina da América Latina em 2019, mas de toda a luta, as madrugadas, a superação das adversidades e do menosprezo de muitas pessoas; ao mesmo tempo, foi a coroação de tudo que estava sendo feito, o reconhecimento do nosso trabalho e a confirmação do trajeto percorrido com o apoio de amigos, parceiros, colaboradores, família. É algo indescritível por tudo que representa. O Fusion Énigmatique será para sempre a melhor fragrância feminina da América Latina em 2019. E nunca é demais lembrar que a fragrância Omnia IV foi a segunda colocada na categoria Melhor Fragrância Masculina da América Latina no mesmo ano.

Você participa de todo o processo de criação de seus perfumes, desde as fragrâncias, embalagens e frascos? Em caso positivo, fale um pouco sobre essa experiência.

Sim, era para ser assim desde que decidi fundar a In The Box. Ou não teria a menor graça. Trabalhar com algo que você ama e não se envolver, não tem graça. Na verdade, toda a direção criativa da In The Box passa por mim, desde a concepção da marca, as embalagens, o conteúdo e, claro, os perfumes. Desenvolvemos um método bem particular de conduzir a criação das fragrâncias. No nosso método, eu interajo e faço uma troca muito intensa com os perfumistas; e também faço o trabalho de direção criativa, sempre buscando imprimir uma forte identidade de marca em tudo que criamos – justamente para nos diferenciarmos em um mercado que ousa cada vez menos e foca mais no lado comercial, esquecendo que, acima de tudo, perfumaria é arte. O que tentamos, então, é equilibrar esses pontos cruciais, ou seja, criar produtos que agradem ao público, ter competitividade comercial e criar de forma mais livre e com identidade.

O que o inspira para escolher a fragrâncias e a cor dos perfumes da linha Match of Senses?

Usando a sinestesia como guia, a escolha das cores é mais simples do que parece, já que cada pessoa tem sua própria interpretação. Você pode sentir uma fragrância e visualizar mentalmente a cor preta, outra pessoa pode sentir a mesma fragrância e visualizar a cor rosa. Não há regras para a sinestesia: ela quebra as regras de cores e padrões que o marketing impõe. Então, faço tudo de um modo bem espontâneo: cheiro cada fragrância que está em desenvolvimento e tento buscar, para cada uma delas, a cor que ela me traz à mente, ou um som, uma música, uma sensação tátil, o paladar. Desse mix de sensações nascem as cores das fragrâncias.

Dois anos depois do lançamento da linha Match of Senses, mais 6 fragrâncias serão adicionadas ao portfólio. Conte para os nossos leitores sobre o seu desenvolvimento.

Queremos lançar mais seis fragrâncias ainda em 2021. Elas serão lançadas em pares. As duas primeiras chegam ao mercado no final de setembro, outras duas chegam em outubro, as duas últimas, no início de novembro. Quando a Match Of Senses surgiu, a meta era chegarmos a uma linha com dez itens que pudessem ser misturados e combinados, usando o conceito de sinestesia para criar camadas com as fragrâncias. Dessa forma você pode gerar vinte, trinta ou mais combinações. As novas criações trazem o DNA da linha Match Of Senses, com muita personalidade nas fragrâncias e com matérias-primas diferenciadas e de qualidade. As duas primeiras fragrâncias a serem lançadas são a Lumière Enchantée, um frutal floral almiscarado em que trabalhamos a estrutura do Fusion Énigmatique como referência, resultando em uma fragrância muito elegante em um contraste do clássico com o moderno, e o Altum Magnis, um amadeirado especiado couro de estrutura complexa e bastante sensorial. Na sequência de lançamentos, as próximas fragrâncias serão a Maxximus IX, com uma aura verde a amadeirada, levemente adocicada muito confortável e a Sucré Juteux, essa derivada da estrutura do Euphoria Sensuale, porém muito mais cremosa, suculenta e por isso o nome de batismo. E sobre as duas últimas fragrâncias do total de seis a serem lançadas ainda este ano, não posso revelar detalhes pois estamos concluindo o material criativo, como os nomes, cores.

Qual o diferencial da linha Match of Senses em relação às demais presentes no mercado?

Investimos muito na qualidade dos nossos produtos e numa generosa concentração de matérias-primas extremamente diferenciadas. Mas não é só. O conceito diferencia e posiciona muito bem a nossa linha. Também tem a questão da ousadia. Outras marcas talvez tenham receio de incentivar os consumidores a criarem sua própria alquimia, misturando fragrâncias e experimentando combinações. Nós não. Ao contrário, estimulamos nossos consumidores a se desafiarem, não só ao conhecer cada produto da Match Of Senses, como também ao criar novas fragrâncias utilizando toda a linha.

Qual público-alvo a linha deseja atingir?

A Match Of Senses é uma linha criada para todo mundo. Por exemplo, muitos homens utilizam a Fusion Énigmatique, que, em princípio, é uma fragrância posicionada para o público feminino. Mas, além da questão da amplitude do uso, as criações foram planejadas para atingir um público muito amplo, o que torna cada fragrância bastante exclusiva no mercado.

Estamos em um momento bastante delicado e difícil mundialmente por causa da pandemia. Quais são as expectativas da In The Box para o próximo ano e quais são as novidades que podemos esperar para 2022?

Além da expansão da linha Match Of Senses, que ganha novas fragrâncias, estamos replicando a linha em outras apresentações, como cremes corporais e uma incrível manteiga corporal em que estamos trabalhando desde 2019. Também tem Shower Gel para o público masculino e outras novidades que ainda não posso revelar. Mas posso dizer que estamos desenvolvendo mais duas linhas conceituais de fragrâncias, ambas trazendo a alta perfumaria como referência, tanto em termos de qualidade quanto de criações. Elas devem ser lançadas no final de 2021, ou no início de 2022, e também darão origem a outros produtos e apresentações.

Fotos: Divulgação In the Box Perfumes
Entrevista: Sergio Oliver
Publisher e Diretor criativo: Sergio Oliver
Supervisão de texto: André Terto
Arte gráfica e diagramação: Danni Chris