CAPA DO MÊS:
CECILE ZAROKIAN 
A perfumista francesa que conquistou o coração dos brasileiros
por: Gisele Barros

Cecile Zarokian, a perfumista francesa que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado exterior, chega para conquistar o coração dos brasileiros. Perfumista independente, dona de sua própria empresa, localizada em Paris e que completa 10 anos de existência agora em 2021, iniciou sua carreira como perfumista trainee por 2 anos na casa de fragrâncias francesa Robertet, quando ainda era estudante na ISIPCA, em Grasse. Durante esse período, Cecile teve seu primeiro ganho como perfumista, com o perfume Epic Woman para a casa Amouage, o qual continua até os dias de hoje como um dos TOP 3 da marca.

Atualmente, com uma carteira de clientes cada vez mais crescente e com mais 2 membros em sua equipe, a perfumista, que gosta de ter uma relação direta com seus clientes, apoiando-os em seus projetos desde o briefing ao lançamento, adaptando seu trabalho de acordo com as ambições e necessidades dos mesmos, acredita que ser empresária é sempre uma questão de escolhas e apostas, investimento que está fazendo para desenvolver seu negócio, encontrando o equilíbrio certo.

Além de criar os perfumes das marcas, desenvolve também estratégia de negócios de sua empresa, oferece serviços de consultoria em todo o mundo, incluindo conferências, treinamentos, masterclasses, workshops… Trabalha também como perfumista interna para empresas de fragrâncias, que fabricam seus próprios perfumes e como recurso externo para casas de fragrâncias.

Cecile vem acumulando, ao longo de sua carreira, diversas criações para várias marcas reconhecidas no mercado de nicho, como: Masque Milano, JOVOY, Nishane, XERJOFF, Teo Cabanel, Jacques Fath, dentre outras.

Movida pela vontade de ultrapassar os limites dentro do setor, tentando fazer uma mudança com uma forma de abordagem e trabalho diferentes, sente-se estimulada a trabalhar em novos projetos estimulantes e desafiadores, em áreas ainda não exploradas.

Em parceria com a casa Granado, ela chega ao Brasil com a criação do perfume Bossa, que homenageia o Rio de Janeiro, cidade-berço da história da marca, o qual, de forma primorosa, conseguiu captar toda a essência da Cidade Maravilhosa, com uma fragrância floral solar, super elogiada pelos brasileiros (incluindo os cariocas), clientes da marca, mídia e influenciadores.

Sob a direção de Renaud Salmon, seu novo perfume “Material”, em parceria com a Amouage, acaba de ser lançado. Uma fragrância que traz ingredientes de alta qualidade como: absoluto de baunilha (em grande quantidade), oud natural, tonka, benjoim, osmanthus…

Apaixonada por seu trabalho e por poder fazer as pessoas sentirem através de suas criações, exatamente a história que tinha em mente e que queria contar, ela segue em busca da realização de seus sonhos, com foco em novos projetos e feliz em ver que cada vez mais as marcas estão pensando fora da caixa e quebrando as regras para oferecer algo de valor agregado ao mercado.

Convido vocês, leitores, a conhecer um pouco mais sobre essa perfumista francesa que está conquistando o coração dos brasileiros.

Fotos: François-Xavier Watine

1. Você sempre soube que queria ser perfumista? Como aconteceu o seu despertar para o mundo das fragrâncias?
Quando comecei meus estudos, não fazia ideia que essa profissão existisse! Comecei a faculdade de Medicina para me tornar pediatra e, um dia, conheci uma moça que estava estudando na ISIPCA, a escola de referência para formação em perfumaria no mundo, fundada por JJ Guerlain. Eu soube imediatamente que queria fazer isso, então passei nos testes e tive a sorte de entrar na escola!

Fotos: François-Xavier Watine

2. Poderia nos contar sobre como ocorreu o início e o desenvolvimento de sua carreira como perfumista?
Quando eu estava estudando na ISIPCA, fiz meu estágio de 2 anos como perfumista trainee na Robertet, a casa de fragrâncias líder na França, em Grasse (a famosa capital dos perfumes!). Trabalhei para eles em Paris mais dois anos, ou seja, 4 anos no total. Então, criei minha própria empresa como perfumista independente em 2011. Estamos comemorando nosso aniversário de 10 anos este ano!
3. Como é o dia a dia da Cecile Zarokian como perfumista?
Cada dia é diferente do dia anterior! Claro que crio perfumes, mas também lido diretamente com os meus clientes, desenvolvo a estratégia de negócio da minha empresa e ofereço serviços de consultoria em todo o mundo (conferências, treinamentos, masterclasses, workshops…). Sou até mesmo uma perfumista interna para empresas de fragrâncias, que fabricam seus próprios perfumes, e trabalho para casas de fragrâncias como um recurso externo.

Gosto especificamente de ter uma relação próxima com os meus clientes e de poder ajudar a apoiar os seus projetos desde o briefing ao lançamento, e a adaptar o meu trabalho, de acordo com as suas ambições e necessidades. Por exemplo, vim ao Brasil especialmente para o lançamento do Bossa, para ajudar a Granado em sua comunicação e material de Relações Públicas (RP), e fizemos uma entrevista no Pão de Açúcar, que abriu só para nós naquele dia!!

4. Qual foi a sua primeira criação? Compartilhe conosco sua experiência e suas emoções ao ver seu primeiro perfume finalizado.
Ganhei meu primeiro perfume, Epic Woman para a Amouage, quando ainda era estagiária na Robertet. Como você pode imaginar, foi muito emocionante ganhar e assinar uma criação nessa fase da minha carreira. Eu nem tinha terminado a escola de perfumaria ainda. Fico completamente comovida quando vejo que ainda hoje, está no top 3 da marca, doze anos depois!

Foto: Divulgação Amouage

5. Qual é a sensação de conhecer alguém que está usando uma fragrância que você criou? Você teria alguma história curiosa sobre alguma de suas criações que gostaria de compartilhar conosco?
É sempre uma grande emoção conhecer alguém usando um perfume que você criou. Você sempre se pergunta o que tocou ele / ela e porque o escolheram entre todos os perfumes possíveis que poderiam comprar no mercado.

História engraçada, ouvi várias vezes que as pessoas que saíram usando Nerotic (que criei para o Laboratorio Olfattivo), nunca voltaram para casa sozinhas…

Mais recentemente, após o lançamento do Bossa, criado para a Granado, vários cariocas me contaram que esse perfume lembrava muito a cidade deles, a sensação de caminhar na praia do Rio, em uma tarde quente e ensolarada, que na verdade era o briefing da Granado. É muito significativo para mim, especialmente vindo de habitantes locais! Os usuários me disseram que acertei na mosca, que captei a essência dos cariocas, de forma sutil, na fragrância “Bossa”, longe de uma visão estereotipada ou de um clichê esperado vindo de um estrangeiro. Esse foi o melhor elogio que eu poderia receber.

É exatamente por isso que amo meu trabalho… quando você percebe que as pessoas sentem exatamente a história que você tinha em mente e queria contar, é muito gratificante.

6. Quais os principais desafios em iniciar e manter um negócio próprio como perfumista independente?
Primeiro eu diria que se trata do fator tempo! Nunca há tempo suficiente para fazer tudo!! Muitas vezes gostaria de estar em vários lugares ao mesmo tempo, para realizar todas as tarefas que preciso, e poder ver todas essas ideias e desejos fantásticos ganharem vida. Você tem que permanecer muito otimista, mas realista e forte, especialmente quando você trabalha sozinho, como eu fiz, a princípio, por 7 anos. Agora somos uma equipe de três pessoas e continuamos contratando. Como uma empresa pequena, mas em rápido crescimento, suas necessidades geralmente excedem sua capacidade real e é difícil acompanhar! Então você tem que arriscar e investir para expandir. Ser um empresário é sempre uma questão de escolhas e apostas, investimentos que você está fazendo para desenvolver o seu negócio nesse sentido, encontrando o equilíbrio certo.
7. Você normalmente cria apenas as fragrâncias para as marcas ou também participa de algum outro momento do processo de desenvolvimento dos produtos? Como acontece essa aproximação com os clientes e as etapas dos projetos?
Eu crio a fragrância e vendo o concentrado. A marca trata do marketing, do conceito, da direção artística e do processo de desenvolvimento do produto, bem como do envase e venda dos produtos acabados. Claro, posso dar minha opinião se eles perguntarem. E eles o fazem, cada vez mais, na verdade.

A principal tarefa é entender o que a marca quer, entender seu briefing em profundidade pelas lentes de sua visão, sua direção artística, seu DNA, seu universo, sua estratégia, suas coleções. Meus clientes colocam, no briefing, tudo o que pode me inspirar. Então, fico ainda mais feliz se a marca compartilha comigo sua direção criativa em outros aspectos, que poderiam alimentar meu processo criativo: o frasco, a tampa, as cores, o nome, o visual, a música, etc. Todas essas afirmações além da história, podem me ajudar a criar uma fragrância que seja mais coerente, porque está tudo conectado: o que está dentro, fora do frasco e ao redor. Então, minha especialidade é traduzir tudo isso em um perfume.

8. Você realizou recentemente a criação do perfume Bossa para a marca brasileira, Granado. Uma fragrância que homenageia a cidade-berço da história da marca, o Rio de Janeiro. Poderia nos contar um pouco sobre o seu processo criativo e como foi essa experiência? Como está sendo para você ver a grande repercussão do seu trabalho aqui no Brasil?
Esse perfume vem de uma memória bem específica: era minha primeira vez no Brasil, vim aqui a negócios e tinha tido uma semana muito movimentada, sem tempo para turismo. Em algum momento no Rio, pouco antes de voltar para Paris, eu tinha um tempinho pela frente e fui dar um passeio. No caminho para a praia, percebi o cheiro de flores de frangipani, que adoro; sempre me lembra da minha lua de mel (na Polinésia, onde descobri esta flor). Nunca esqueci seu cheiro fascinante, cremoso, floral e tão inebriante quando aquecido pelo sol; é um perfume em si!

Como estava muito calor naquele dia, parei em uma casa de sucos para tomar um refrescante suco de coco com maracujá e comecei a caminhar na praia. De repente, tudo pareceu parar e me esqueci de toda a inquietação dos últimos dias, como num passe de mágica. Eu estava apenas relaxada, sentindo o sol aquecendo minha pele e a brisa do mar soprando suavemente em meu rosto. A paisagem era de tirar o fôlego e todos na praia estavam felizes e alegres, longe da vida agitada da cidade. A atmosfera estava cheia de notas de iodo misturadas com protetor solar e monoï.

Esse perfume é uma reminiscência daquele momento precioso, e sua cor seria um puro azul celeste para mim, quando o oceano reflete o céu de verão; uma cor tão calorosa e alegre quanto os cariocas, e um símbolo da alegria que eu sentia naquela época.

O lançamento aconteceu há menos de 6 meses, mas parece ter sido bem recebido pelos brasileiros, desde clientes da Granado até a mídia e influenciadores. Recebeu uma crítica muito boa da Helen Augusto (que conheci da última vez que estive no Brasil, uma mulher adorável), e a Alessandra Tucci, da Paralela Escola Olfativa, escreveu um ótimo artigo sobre isso: “Bossa da Granado, o floral solar que faltava no mercado brasileiro”.

Fotos: Divulgação Casa Granado

9. Nos vídeos e fotos de divulgação do perfume Bossa, da Granado, percebemos o brilho em seus olhos e você muito à vontade na cidade. Você já havia visitado o Rio de Janeiro antes da criação do perfume?
Na verdade, quando comecei a trabalhar com a Granado, já tinha vindo ao Brasil algumas vezes antes, principalmente em São Paulo, e nunca tinha posto os pés no Rio. Mas era um lugar que eu sonhava descobrir há muito tempo, então acho que começar a trabalhar para a Granado foi o motivo perfeito para conhecer a Cidade Maravilhosa e mergulhar na cultura carioca! E eu me apaixonei completamente!

Fotos: Divulgação Casa Granado

10. Poderia nomear quais projetos mais desafiaram-na ao longo de sua carreira como perfumista e por quê?
Primeiramente Green Water, para Jacques Fath perfumes. A marca me pediu para revisitar este clássico de 1946, criando uma versão moderna o mais próxima possível da fragrância original. Fiquei muito lisonjeada e satisfeita por eles me convidarem para trabalhar neste projeto, mas ao mesmo tempo um pouco ansiosa, porque Green Water é um perfume tão icônico. É até lendário! Foi um grande sucesso nos anos 50, e ainda me lembro de ter estudado isso na ISIPCA. Tive a oportunidade de cheirar a versão original do 46 na L’Osmothèque, o Conservatório de perfumes antigos, mas apenas no local, e sem retirar nenhuma amostra! Apenas cheirar, tomar notas, lembrar e depois voltar lá para comparar com o meu trabalho.

Então você tem o projeto Bossa com a Granado. Você sabe que o Brasil é o segundo mercado de fragrâncias do mundo, um ‘Eldorado’ para todo perfumista, um sonho… Nenhum perfumista independente jamais penetrou neste mercado antes. Sendo brifada por uma marca brasileira icônica como Granado, ganhando este projeto como perfumista independente, baseada em Paris, contra os gigantes da nossa indústria de perfumes, acostumados com o mercado brasileiro (competindo assim com as 5 maiores casas de fragrâncias do mundo, Givaudan, Firmenich, Mane, etc.), e encontrar o parceiro certo para produzir localmente… isso foi definitivamente um desafio!!!

Sissi Freeman, Diretora de Marketing e Vendas da Granado, confiou em mim desde o início e me deu vários briefings no final de nossa primeira reunião. Eu não esperava aquilo! Fiquei muito feliz, mas tive que apressar nossa parceria com a Vollmens, para definir nossa colaboração de forma rápida e eficiente. Uma colaboração que tivemos que começar do zero: importar matérias-primas que eu queria especificamente, com preços diferentes dos europeus, pactuar termos e contratos, etc. E, não é segredo que burocracia e papelada no Brasil podem ser bastante… desafiadores!!!

O sonho finalmente se tornou realidade e às vezes, eu ainda não consigo acreditar!

Acabamos de anunciar o lançamento de ‘Material’, a nova fragrância que criei para a casa Amouage, sob a direção criativa de Renaud Salmon. Dada a sua formação (ele criou alguns dos maiores sucessos de bilheteria da última década), a expectativa era alta e ele tem sido extremamente exigente, especialmente porque haviam várias casas de fragrâncias (com vários perfumistas, avaliadores etc.), competindo por esse briefing. Mas eu acertei as notas certas, procurei ingredientes raros e fui além, viajando para Omã durante a pandemia. E no final das contas, acredite em mim, isso fez a diferença e espero que isso seja sentido na criação. Significa muito para mim continuar nossa jornada com a Amouage, que começou em 2009 com Epic Woman… minha primeira criação! Amouage é agora a maior marca de nicho de propriedade privada, então criar para eles foi muito emocionante e desafiador!!!

Foto: Romain Bassenne

11. O que mais a instiga em um novo projeto? Como você se inspira para o desenvolvimento de uma nova fragrância?
Além de trabalhar com grandes marcas, o que significa maiores volumes e reconhecimento, acho que o que mais me move é trabalhar em novos projetos estimulantes e desafiadores, áreas que ainda não foram exploradas. Trabalhar em novos caminhos e ângulos para criar algo diferente, tentando entender como poderíamos trazer algo diferenciado para o mercado. O que é empolgante para mim é ultrapassar os limites em nosso setor, tentando fazer uma mudança com uma abordagem e forma de trabalho diferentes, algo que acredito ser a chave para mudar o jogo.

É por isso que não trabalho apenas com a indústria de perfumes, mas com outros mundos como a indústria de bebidas destiladas, criando identidades olfativas e aromas comestíveis, por exemplo, ou com estilistas. Eu acho que você é mais criativo quando tem estímulos vindo de outros universos, complementando o seu, e que você aprende com outros códigos e conecta mundos diferentes.

Fico feliz em ver que cada vez mais marcas estão pensando fora da caixa e quebrando regras para oferecer algo de valor agregado ao mercado.

Fotos: Renaud Salmon

12. Como foi o processo de desenvolvimento da nova fragrância “Material” para a Amouage? Poderia compartilhar conosco suas inspirações para criá-la?
Tenho que admitir que foi uma jornada e tanto. Tudo começou com um telefonema. Renaud Salmon estava ligando de Muscat. Ele mencionou que estava procurando por uma grande ideia oriental clássica, mas rejeitou todas as propostas que recebeu nos últimos 6 meses, pois a nota de baunilha nunca estava certa: muito alimentício, muito doce, muito barato, muito “vanilina”.

Ele compartilhou suas referências criativas (voltando a meados dos anos 80, quando as fragrâncias eram complexas, ricas e chamavam a atenção; a ideia era contar a história do encontro de dois sucessos musicais de 1985: Material Girl de Madonna e Tarzan Boy de Baltimora) e me deu carta branca. Fiquei muito motivada e trabalhei em algumas ideias. Uma delas era um pouco curinga: uma overdose de absoluto de baunilha (um dos ingredientes mais caros) misturado com outros materiais de alta qualidade como oud natural, tonka, benjoim, osmanthus, etc. Eu estava com medo de que fosse muito caro. Mas, não estávamos falando sobre uma Material Girl? Foi por esta ideia que Renaud se apaixonou. Passamos os meses seguintes ajustando-a e aprimorando-a por meio da maturação e maceração, um processo muitas vezes esquecido, mas muito importante, principalmente para criações que contêm uma grande quantidade de ingredientes naturais.

Fotos: Renaud Salmon

Fotos: Louise Mertens

13. Você teria alguma família olfativa preferida ou matérias-primas que fazem parte de sua assinatura olfativa? Dos ingredientes existentes na paleta de um perfumista, quais você acha mais difíceis para realizar uma composição e por quê?
Na verdade, não tenho nenhum ingrediente favorito para trabalhar, acho que as matérias-primas são apenas ferramentas para o perfumista. Seria como perguntar a um carpinteiro se ele prefere um martelo ou uma chave de fenda! Um bom perfumista irá usá-los para expressar sua visão criativa a fim de responder da melhor forma possível às necessidades e briefing do cliente.
14. Você vê alguma tendência emergente no mundo da perfumaria para o futuro?
Não tenho uma bola de cristal nem um departamento de marketing para um benchmarking completo, então só posso responder pelas lentes do que minha empresa sabe atualmente. O que tenho observado recentemente é que as linhas parecem estar mudando na indústria de perfumes. Projetos vencedores para marcas que pertencem a grandes grupos, trabalhando com casas de fragrâncias em projetos específicos, como independentes ou sendo contatados diretamente por designers de moda. Tudo isso não teria sido possível há alguns anos!
15. Qual conselho você daria para quem gostaria de começar a trabalhar no mercado de Perfumaria ou que gostaria de se tornar Perfumista?
Eu diria que você tem que saber que, como em muitos outros trabalhos criativos ou artísticos, vai ser difícil, muitos são chamados, mas poucos são escolhidos, então você tem que ser apaixonado e determinado… aguente firme e seja persistente!
16. Algum sonho que gostaria de realizar que ainda não tenha tido oportunidade?
Claro, eu tenho dezenas deles e novos continuam chegando… e é isso que te faz continuar e ir sempre mais longe. Se eu tivesse que escolher um agora, escolheria criar uma fragrância para um estilista, uma marca de alta costura.
17. Qual a sua visão sobre o mercado brasileiro no momento atual?
Ainda tenho muito que aprender neste mercado enorme e único, mas o que percebo com os meus “olhos de iniciante”, que por vezes me permitem uma nova visão livre de hábitos, é que há muito mais a oferecer a este mercado quando comparo Perfumes brasileiros aos europeus ou do Oriente Médio. Tenho certeza de que os brasileiros têm a mente aberta e estão prontos para novas propostas olfativas. Então, para mim, o Brasil representa uma fascinante terra de oportunidades!

Fotos: Romain Bassenne

18. Poderia nos contar sobre os futuros projetos que estão a caminho?
Estarei muito ocupada em breve com o lançamento de Material, principalmente quando pudermos viajar novamente com mais facilidade. Mal posso esperar para voltar a Omã, em breve, para continuar explorando sua beleza verdadeiramente inspiradora, incluindo o incenso Hojari, de renome mundial, em Salalah.

A minha última viagem em Janeiro foi também a ocasião para me familiarizar com outro tipo de produto da Amouage: os seus “attars”, que são misturas de óleos puros perfumados com ingredientes caríssimos e hoje vendidos exclusivamente em Omã. Temos trabalhado com Renaud em algumas ideias, mas ainda é muito cedo para revelar mais.

Também vou continuar trabalhando com Granado e Phebo, porque elas são marcas tão únicas com uma equipe maravilhosa, são pessoas muito legais para se trabalhar. E claro, agora que montei o negócio no Brasil, adoraria continuar criando para marcas brasileiras, e até para O Boticário ou para a Natura, quem sabe um dia?

Foto: François-Xavier Watine

Foto capa: François-Xavier Watine
Entrevista: Gisele Barros
Publisher e Diretor criativo: Sergio Oliver
Supervisão de texto: André Terto
Arte gráfica e diagramação: Danni Chris